sábado, 31 de março de 2012

- sem título -

os mais férreos grilhões,

a mais estreita prisão.

os olhos baixos, braços caídos,

a falta de coragem é a derrota do homem.

segunda-feira, 26 de março de 2012

- sem título -

o mar anseia o teu nome,


principalmente


quando as ondas o pulverizam pelo ar,
em gotas de sal,
viajantes, audazes em conquista da terra,
como conquistar-te ousaria a minha coragem
sumida, no tempo e na lenta espera dolente
que faz definhar o mais belo poema.

dias estranhos

o meu vizinho da frente ouve música de merda
quando ele tira a música, fica um silêncio de merda.

sábado, 24 de março de 2012

- sem título -

o teu corpo junto ao meu.
a tua anca contra mim,
um suspiro em silêncio,
uma breve luz pela janela,
assim fosse um dia sem fim.

segunda-feira, 19 de março de 2012

- sem título -

ontem discorreu-se sobre o que é a poesia.
eu acho que a poesia é o sangue escrito com letras.

querida ausência

longo o manto espesso da noite,
tardio nascente.
sempre virá o dia, em passo lento,
tirar-nos o escuro e as estrelas.

tirar-nos a ausência que nos falta.
queima tudo esse sol que nos cega.

quinta-feira, 15 de março de 2012

colectivo

pudera eu indicar-te o caminho
por onde desbravares a vereda,
estreita é certamente,
mas cavada já por muitos antes de mim.

pudera eu dizer-te que trazes cerrados os olhos,
mas mente quem assim te engana,

quem assim tos veda,
esconde de ti a vida e a estrada que tens em frente.

pudera eu dizer-te vem comigo,
que é larga a via,
mas não teria eu força suficiente
para te arrancar do lodo onde te prendem,
para romper a mordaça que te atam,
e libertar as tuas mãos das correntes que tas matam.

mas podemos nós dizer-te
vem connosco, ergue o rosto.
poderás ser um de nós,
e o lodo não será prisão,
nem as mordaças limitação.
e serão nossas, nossas mãos,
a ferramenta da vida em construção.

segunda-feira, 12 de março de 2012

terça-feira, 6 de março de 2012

irreversível

é a irreversibilidade
que nos constrói,
a permanência de tudo,
dos actos mais que das coisas.

é a persistência, mesmo inconstante,
das marcas na alma, nos olhos e na pele,
que faz da vida vida
e da morte morte.

sexta-feira, 2 de março de 2012

visão do vazio

o vazio é um fascínio,
uma visão inimaginável
de ausência
de cor de tempo
ou movimento.

o vazio enche quem não tem espaço por dentro.

- sem título -

estamos a meio caminho,
só não sabemos o destino.