já não há que dizer,
já não pode bastar escrever.
escrito no sangue dos vivos
está o último fôlego dos mortos.
não há já gritos, nem punhos,
nem protestos, nem discursos,
há poder cativo, e urgente libertação.
não há já palavras que bastem nem vai haver.
só a poesia em movimento,
entrando como ar nos nossos pulmões,
derrubará o dique que represa a pressa de progresso,
incontível rio de sonhos antigos,
e só então nossas mãos se abrirão poderosas alvas asas.