meu poema

eis a luz que de ondas pelas artérias faz dos homens
coração dos pássaros
e estrelas dos olhos das pedras da montanha
lido um verso um verbo                     um fruto
uma semente nua que no ventre
traz chamas                     ao vento.

ao H.

de tantas vozes
as de um mundo inteiro
a que nos sussurra
amizade
é o mais poderoso pilar dos continentes,
e de todos o mares o mais
seguro cais.

- sem título -

viremos o mar do avesso.
ficam as nuvens por dentro
dos nossos estômagos,
e a saliva tornar-se-á sal
feito de pessoa,
halite humana
hálito salino.

história

quantas vozes o ar me guarda 

como um eco

dos homens?

inconsequência

das ondas do mar
o vento a vela e as nuvens
como se dali nascessem os naufrágios
e chorassem naus a plenos pulmões
enquanto o fundo do mar abre os braços
dos abismos
e as profundezas murmuram as últimas lembranças
da luz  e da superfície.

esse mar
eu naufragado, fragmentado contra uma fraga
de rochas feitas de sonhos que não cumpri.